Dor e Cirurgia

Dor e Cirurgia

Não é necessário sofrer no pós-operatório com dor.


Centro Paulista de Dor

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Por Dr. Nelson Liboni e Dra Mariana Camargo Palladini

Durante a cirurgia, vários nervos são cortados pelo trajeto do bisturi. Além disso na fase de cicatrização os tecidos sofrem alterações que podem gerar outras lesões nervosas. Porém, não é necessário sofrer no pós-operatório com dor. As medicações atuais e protocolos de tratamento de dor existem nos grandes hospitais e evitam o desconforto e devem ser usados em todas as cirurgias para todos os pacientes. Hoje em dia ela já é vista como quinto sinal vital e seu gerenciamento garante ao paciente ser tratado com medicamentos prescritos de horário, ou seja, medicado independente de estar com dor. Ela é subjetivo e cada ser humano tem um limiar e devemos respeitar a queixa de cada um.

Outros sinais como abdômen globoso, cicatrizes avermelhadas ou até febre podem nos dar sinal que algo está errado no processo esperado do pós-operatório. A dor serve como alarde para situações que não foram previstas e pode indicar complicações inerentes ao procedimento. Quando ela é muito intensa deve-se suspeitar de alguma ocorrência. Outros sinais como abdômen globoso, cicatrizes avermelhadas ou até febre podem nos dar sinal que algo está errado no processo esperado do pós-operatório.

É necessário levar em consideração o porte cirúrgico (dimensão da cirurgia) e a técnica utilizada na realização da mesma para decidir quais analgésicos devem ser usados no pós-operatório. Além disso, o ideal é deixar medicamentos que chamamos de “analgésicos de resgate” que devem ser usados quando os analgésicos usados de horário não forem suficientes para sanar a dor deste paciente. Sabe-se que cirurgias minimamente invasivas (laparoscópicas e robóticas) cursam com menos dor no pós-operatório comparadas com as cirurgias “abertas”.

As cirurgias abertas geram mais “lesão nervosa” e a medicação no pós-operatório deve ser para dores de moderada a intensa. Pacientes que tiveram experiências cirúrgicas com muita algia no pós-operatório, provavelmente tem baixo limiar de dor e mantem se medicamentos mais potentes para trata-los. Aqueles com história de dor crônica prévia ( fibromialgia, dor pélvica crônica, enxaqueca, dores crônicas por artrose, etc.) estão mais sensibilizados à dor e por isso devem ser tratados com mais atenção no pós operatório.

Dentre as cirurgias do aparelho digestivo, as orificiais como para tratamento de hemorróidas, são as mais doloridas. As abdominais como estômado, vesícula, intestino, promovem dor visceral difusa e difícil de distinguir qual o órgão acometido. Os medicamentos mais utilizados no pós-operatório são os anti-inflamatórios não hormonais, os analgésicos simples como dipirona e paracetamol, e os opioides fracos, resgates de morfina ou outros opioides fortes. Os antinflamatórios devem ser usados por curto período de tempo, pois podem gerar lesões renais e do sistema gastrointestinal. Importante lembrar o uso de anticoagulante para evitar risco de sangramento pós-operatório.

Atualmente, a Sociedade Internacional de Estudo da Dor (IASP) preconiza opioides fortes em baixa dosagem no tratamento de dores agudas e até mesmo dores crônicas por longo período de tempo. No Brasil existe receio do tratamento com opioides por medo tanto de pacientes e médicos em utilizá-los. Existe um misticismo em relação ao uso da morfina. O público leigo muitas vezes acredita que quando o médico a prescreve significa quadro clínico grave e associam inclusive a presença de câncer. Isso faz com que tenhamos um baixo consumo de opioides, demonstrando o que a dor em nosso país ainda é tratada de forma inadequada. No pós-operatório imediato o paciente normalmente permanece em repouso, com menos estímulo doloroso.

Dependendo do tipo de cirurgia realizada, no segundo dia já se permite levantar, fazer fisioterapia, tomar banho determinando um maior estímulo álgico e neste momento deve-se incrementar o tratamento da dor. No tratamento da dor crônica dependendo da fisiopatologia é necessário introduzir anti convulsivantes, antidepressivos, e outros adjuvantes para modular a memória da dor. Levando em consideração que o tratamento ideal é o uso combinado de medicamentos (analgesia multimodal),o médico deve estar atento em relação às interações medicamentosas.

O especialista em dor deve ser acionado quando o médico não consegue adequar os medicamentos e atingir analgesia satisfatória a seu paciente. Muitos grupos de dor hospitalares são anestesiologistas com expertise na realização de bloqueios analgésicos fundamentais para o conforto do paciente no pós-operatório.

É possível viver sem dor!


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